Pessoas com cargo de decisão têm dever reparatório, diz Iza sobre racismo
Iza lançou nesta sexta (19) o clipe de uma nova música, a “Sem Filtro”. O single vem com uma pegada de R&B e fala sobre relações amorosas fugazes que fazem parte da vida, enquanto o vídeo tem uma estética com elementos futuristas, meio retrô, define a cantora.
Ela conta que teve inspiração em filmes nos quais não se via representada como uma mulher negra. De certa forma, indica, foi uma forma de se apropriar deste universo. “Eu sempre amei essa estética, ‘Matrix’, ‘Black Mirror,’ ‘Blade Runner’, ‘O Quinto Elemento’, e por ser um tema afetivo eu achei que cabia nessa situação”, afirma Iza em entrevista por videochamada ao Lineup.
Roteirizado por ela mesma e dirigido por Felipe Sassi, o clipe conta com a participação do marido da cantora, o produtor Sérgio Santos, com quem é casada desde o fim de 2018.
ENTREVISTA COM IZA
Com ele, Iza faz danças sensuais, no vídeo em que define como o mais sexual da carreira. “Eu nunca tinha feito isso, tanto que é por isso que meu marido tá no clipe… Eu sempre quis fazer uma cena assim, mas eu não sabia se ia conseguir sentar em outra pessoa, aí meu marido não teve muita opção.”
O clipe foi lançado na véspera do Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e pouco mais de sete meses depois de divulgar “Gueto”, single que teve inspiração em Beyoncé e com que Iza resgatou suas raízes do subúrbio da zona norte do Rio.
Hoje ela é uma das celebridades mais influentes do Brasil, muito requisitada na publicidade e em grandes festivais, e sempre afirma que se considera uma exceção —coisa que ela diz triste de dizer. Isso envolve, evidentemente, o racismo. Ela observa ainda um grave problema, que causa mortes diariamente, e que há apenas mais discussão sobre o tema.
“Eu observo que a gente tem falado mais sobre isso, que isso é uma pauta que não entrava nas escolas, por exemplo”, diz. “Eu aprendi na escola que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea e, como uma fada, tudo isso se transformou. E na verdade não foi isso que aconteceu, a gente não é ensinada da forma correta.”
As discussões sobre racismo em novembro se intensficam e Iza reitera o óbvio, mas que nem todos se dão conta: que empresas deveriam manter a luta antirracista o ano inteiro.
“Eu vejo muita gente falando sobre racismo, sobre igualdade, no mês de novembro, e aí passa novembro e não falam mais sobre isso”.
“É muito importante que os empregadores, que líderes, que pessoas que têm cargos de decisão entendam que, sim, temos um dever reparatório. E isso precisa ser uma consciência de todos”, afirma.
Iza falou ainda sobre a retomada de shows e uma turnê que está em planejamento. Ela já está confirmada para festivais grandes como o Rock in Rio, Rock in Rio Lisboa e o The Town, marcado para estrear em 2023 em São Paulo.
“A gente só não anuncia ainda [a turnê], porque estamos neste momento de tentar entender o que vai acontecer. Eu espero muito que a gente possa aglomerar numa quantidade legal de pessoas em segurança em breve.”
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