Inspirada por Beyoncé, Iza resgata raízes com ‘Gueto’ e diz que não é bom ser exceção
“Eu queria que as pessoas entendessem que não é legal ser exceção, entendeu?”, diz Iza, “cria lá do gueto”, como indica em um verso de sua nova música lançada nesta quinta (3). Na faixa intitulada “Gueto”, a cantora carioca apresenta seu sucesso atual, celebra conquistas e resgata suas raízes do subúrbio da zona norte do Rio.
“Não fala de ostentação, mas de ocupação”, diz por videochamada a artista, que passou parte da infância no bairro de Olaria. “Eu estou me vendo em lugares, assinando contratos, coisas que eu nunca imaginei que eu pudesse fazer. E quero que as pessoas saibam que a gente pode fazer, sim.”
E essa viagem por sua própria história teve como modelo o musical “Black Is King”, de Beyoncé. “Ela me inspirou muito para falar de onde eu vim, me encorajou muito. E isso é mágico. A libertação de você ter orgulho de falar quem é, de contar para o mundo quem você é.”
Para apresentar a canção, Iza fez um pocket show em parceria com a Devassa na noite desta quinta, transmitido pelo Instagram. O evento ainda foi levado para o ambiente offline, com a projeção na região de comunidades de sete capitais do país: São Paulo (Paraisópolis), Rio de Janeiro (Penha), Salvador (Alto de Ondina), Recife (Santa Luzia), Manaus (Av. Tarumã), Natal (Mãe Luiza) e Fortaleza (Parque Manibura).
Já o clipe de “Gueto” vai ao ar nesta sexta (4) e traz imagens lúdicas e coloridas para retratar a periferia —sacolé, banho de mangueira, orelhão e festa na rua estão entre os elementos presentes no vídeo.
Apesar das coisas alegres para representar a vida no subúrbio, ela não se esquece das dificuldades —como a violência— que fazem parte da realidade de todo mundo que mora na zona norte. “Eu acho que a gente tem sabido mais dessas situações ao mesmo tempo em que elas acontecem a todo momento. Crianças morrem na favela a todo momento.”
A cantora rememora situações durante as filmagens no Rio. “Tiroteio enquanto eu estava gravando na Penha, Nossa Senhora, parecia trilha sonora. É o tempo todo, faz parte da realidade de todo mundo que mora na zona norte. Eu morei em Olaria e sei muito bem o que é deitar no chão para não levar bala perdida. Precisamos falar sobre isso.”
“Gueto”, conta a artista, é a pontinha do iceberg do segundo álbum de sua carreira, com previsão de lançamento no segundo semestre deste ano. “Fala muito de mim. É a primeira vez que falo de mim na música. Além de “Dona de Mim”, claro, mas acho que essa é mais pessoal. Com certeza, acho que esse tempo todo dentro de casa, olhando só para a minha cara, tem que ter resultado.”
Eleita pela revista americana Time como uma das líderes da próxima geração, Iza tece duras críticas a quem promove aglomerações e participa delas durante a pandemia, que já matou quase 500 mil brasileiros. “E o que eu sinto quando eu vejo essas pessoas, sinceramente, é que está todo mundo morto por dentro. É tanta vontade de viver, que as pessoas estão correndo risco de morrer.”
“Eu não acho que todo mundo tem que fazer como eu, não viajar, fazer Réveillon e Natal em casa. Mas eu acho que, sim, precisam ter responsabilidade sobre aquilo que postam.”
Com os ainda altos números de mortos e a vacinação atrasada, ela se diz consciente sobre a impossibilidade de grandes shows presenciais ainda em 2021. “Só vou voltar a ver meu público mesmo, a galera toda, 30 mil, 40 mil pessoas, só em 2022. Os principais festivais que eu tinha para fazer todos foram passados parao ano que vem.”
Tendo isso em vista e já pensando no lançamento do novo trabalho, Iza conta que já estuda possibilidades para entregar um bom espetáculo online para seus fãs.
Temas como racismo e representatividade seguem firmes na obra e no discurso de Iza. “Os ritmos mais ouvidos no país basicamente são negros e a gente não está se vendo por aí.”
Aos 30 anos, a carioca afirma que traz resquícios de insegurança de uma vida inteira por causa do racismo. “É muito difícil você se achar bonita quando você não se vê nos lugares. Quando você entende que a menina bonita da novela não é igual a você.”
“Eu não me achava bonita quando era criança. E eu não me achava bonita há até pouco tempo. Eu acho que foi na faculdade que eu comecei a me olhar de outra forma”, diz.
Aproveitando o espaço que conquistou, como parte do projeto para este ano, Iza vai juntamente com a Devassa caçar talentos em comunidades para gravar uma música. “A gente vai juntar forças, eu vou fazer algo que sempre quis fazer. Encontrar pessoas no Brasil pessoas incríveis para colaborar e tendo essa coisa da periferia, do subúrbio em mente.”
ABAIXO, VEJA ENTREVISTA COM IZA
PANDEMIA E PERSPECTIVAS
Eu acho que eu me sinto como qualquer brasileiro, né. Eu me sinto perdida na verdade. A gente está lidando com uma coisa que a gente nunca lidou antes. A todo momento aprende mais sobre a Covid. Às vezes, aquilo que a gente sabe sobre a Covid muda e a gente tem que atualizar essa informação, toda hora. Além disso, a gente não ter previsão nenhuma de quando vai voltar. A gente fica muito angustiada, muito apreensiva.
Eu sei que aglomeração da forma como eu via antes vai demorar para acontecer. Então há uma coisa que já internalizei, sabe, só vou voltar a ver meu público mesmo, a galera toda, 30 mil, 40 mil pessoas, só em 2022. Os principais festivais que eu tinha para fazer todos foram passados para 2022. Então é nisso em que eu estou me baseando, na indústria. A gente não tem muita informação e isso é cada vez mais angustiante.
Preciso agradecer a Deus porque eu ainda faço outras coisas. Publicidade, as minhas músicas, gravo clipe. Tenho bastante coisa para fazer. Mas eu fico muito preocupada com outros artistas realmente ficam sem perspectiva. Estão sem trabalhar. Eu não estou falando só do dinheiro, estou falando de criar, de exercer de fazer aquilo que se ama.
FAMOSOS, POLÍTICOS E AGLOMERAÇÕES
Uma amiga, uma ex-amiga, veio falar comigo sobre uma personalidade que faleceu há pouco tempo, que fazia parte da vida de muitos brasileiros [Paulo Gustavo]. Ela veio me perguntar como é que eu estava, que ela está aglomerando todo semana. Não estou falando de ir à casa de um amigo, tomar um vinho. Eu estou falando de ir a festa mesmo, com 300, 400 pessoas. Estão indo para rua, estão aglomerando.
E o que eu sinto quando eu vejo essas pessoas, sinceramente, é que está todo mundo morto por dentro. É tanta vontade de viver, que as pessoas estão correndo risco de morrer. Se você não entende que as pessoas morrem sozinhas, sem ar, na fila, não são enterradas com dignidade… Não tem lugar para se despedir das pessoas que você ama. As pessoas fecham os olhos e não veem mais ninguém. Eu enterrei duas pessoas da minha família por Covid. Você não pode nem botar vidro na frente do caixão para olhar para a pessoa. Se nem essa morte tão cruel faz com que as pessoas entendam que isso é criminoso, para mim essas pessoas estão mortas por dentro.
Não tem o que falar, essas pessoas não têm mais empatia, não têm mais amor ao próximo. Essas pessoas não têm nem amor à própria vida. […] Eu acho que não só os políticos, mas eu trago isso para artistas também. Pessoas com muitos seguidores, pessoas que têm um público que as acompanham, que querem saber o que você pensa. Essas pessoas que estão aglomerando têm responsabilidades. Se você está aglomerando, se você tem seguidores e está filmando isso [aglomeração] você está contribuindo, sim.
O que te faz pensar que você vai viajar, que você vai para uma praia, e aí o trabalhador, que está pegando o trem lotado de segunda a sexta, não vai olhar para sua foto e sentir vontade de ir para a praia no fim de semana. Entre um ônibus lotado e uma praia, que é a céu aberto, o que ele vai preferir? É óbvio que as pessoas vão ser influenciadas por nossas atitudes. Eu realmente acho que quando a gente estimula esse tipo de aglomeração, quando a gente posta sobre, por mais que seja sua vida, eu realmente acho que isso tem um impacto naquilo que acontece na sociedade.
As pessoas dizem “Mas cada um faz o que quer”. Sim, as pessoas fazem o que querem, mas a gente não pode se isentar da nossa responsabilidade, saca? Eu não acho que todo mundo tem que fazer como eu, não viajar, fazer Réveillon e Natal em casa. Mas eu acho que, sim, precisam ter responsabilidade sobre aquilo que postam. Já passou da hora. Tem gente que morre, literalmente, que tenta copiar alguma coisa que está na internet e se prejudica. A gente precisa, sim, saber que as nossas atitudes têm peso que influenciam as pessoas.
LÍDER DA PRÓXIMA GERAÇÃO
Eu não costumo ficar analisando muito. Eu tento não me envaidecer com essas coisas. […] Eu sei que eu me orgulho muito do que eu fiz. O que eu digo é que se você fez os com carinho seus trabalhos, se você faz isso com verdade, no seu tempo, é bem provável que você toque o coração de outras pessoas também. Pelo menos é isso que eu tento fazer. Tenho muita paciência com o meu tempo, com os meus limites. Qualquer pessoa pode ser escrota se tiver no seu limite, qualquer pessoa vai errar se não tiver bem. Não estou falando que eu não erro… Tá vendo? Eu não consigo nem falar, Amon [risos]. Acho que eu tenho feito meu trabalho com muita verdade e fico feliz que as pessoas estejam reconhecendo.
ASSÉDIO, MACHISMO E RACISMO
Eu já sofri muito assédio, já perdi o emprego por causa de assédio, já me demiti por causa de assédio. Já sofri racismo também, óbvio. Infelizmente essa é a realidade de todos os negros do país. Mas eu acho que tudo tem o meio termo. Eu acho que dá para estar na brisa e ser pesadona ao mesmo tempo [risos]. Tudo tem um meio termo. Não tinha como não falar sobre essas coisas, já que são tão marcantes na minha vida, são coisas que eu vivo.
‘GUETO’ E O NOVO ÁLBUM
‘Gueto’ é a pontinha do iceberg, é a primeira música do próximo álbum, que está quase pronto. Já tem várias músicas, só falta selecionar quais [vão entrar. Só vai ganhar nome depois que eu escolher todas as músicas. ‘Gueto’ é uma boa introdução, tem muito do que vai rolar no álbum. Vai ter dancehall, reggae, R&B e trap, que é uma coisa de que eu gosto muito. Assim como “Dona de Mim” eu vou passear por vários estilos musicais, que é o que eu gosto de fazer. Eu acho que é um álbum muito brasileiro e tem muito a minha cara. […]
Não deve mudar muita coisa [nas letras]. Eu costumo dizer para as pessoas que eu sou a bandeira. Eu estar ali sentada no horário nobre… Eu já estou falando muita coisa só de estar ali, ocupando. Nada do que eu falo é proposital. Eu acabo falando sobre racismo porque são coisas que eu vivi, que eu não tenho como esconder, que faz parte da vida de todos os brasileiros. Então não tem muito como eu fugir disso. Isso seria muita hipocrisia da minha parte. É algo que eu sei falar de verdade. Eu vou trazer mais das minhas vivências. A gente vai continuar falando sobre isso até a gente mudar. As minhas músicas, por mais que não sejam políticas, falam para um recorte social muito especial que é o meu.
“Gueto” fala muito de mim. É a primeira vez que falo de mim na música, além de “Dona de Mim”, claro, mas acho que essa é mais pessoal. Com certeza, acho que esse tempo todo dentro de casa, olhando só para a minha cara, tem que ter resultado. Eu fiquei muito tempo comigo mesma. Eu enfrentei muita coisa que eu estava empurrando para debaixo do tapete. Na verdade, acho que vai ser algo mais maduro. Eu acho que quando a gente começa a falar mais de si, sem medo, eu acho que significa amadurecimento.
BEYONCÉ, ANCESTRALIDADE E RAÍZES
É muito importante. Eu aprendi que não tem como eu falar para onde estou indo se eu não souber de onde eu vim. A gente se perde pelo caminho se a gente não sabe de onde veio. É muito importante fiNcar muito o pé no chão, as suas raízes. E deixar claro para as pessoas que debaixo das nossas tranças tem muita história para contar. Isso é muito mais do que estilo. Eu entendo que nosso cabelo faz sucesso hoje, mas isso faz parte do que a gente é, isso faz parte da nossa sobrevivência. A gente precisa contar a nossa história…
Eu não fazia ideia, por exemplo, que algumas mulheres escravizadas escondiam arroz nas tranças para poder alimentar as crianças em casa. Eu não aprendi isso na escola. Mas por que não? Se isso faz parte da história do meu país…. Então eu acho que a gente precisa contar já que não estão falando sobre. Acho que pessoas que têm um lugar de visibilidade deveriam considerar o que elas podem fazer em prol da comunidade para melhorar.
Assim como a Beyoncé fez ‘Black Is King’ ela me inspirou muito para falar de onde eu vim, me encorajou muitopara falar de onde eu vim. E isso é mágico. A libertação de você ter orgulho de falar quem é, de contar para o mundo quem você é. E eu espero muito que meu trabalho tenha um impacto assim na vida de alguma pessoa. Porque com certeza o trabalho dela me impactou bastante, me inspirou bastante.
OSTENTAÇÃO X OCUPAÇÃO
[‘Gueto’] Não fala de ostentação. Eu queria que as pessoas entendessem que fala de ocupação, sabe? Eu estou me vendo em lugares, assinando contratos, coisas que eu nunca imaginei que eu pudesse fazer. E quero que as pessoas saibam que a gente pode fazer, sim. Eu estou celebrando as minhas origens, eu estou saudosista de uma época em que a gente tinha a tranquilidade de andar na rua. Ao mesmo tempo você lembra desse momento que eu estou vivendo.
REPRESENTATIVIDADE
Eu queria que as pessoas entendessem que não é legal ser exceção, entendeu? Eu não quero que as coisas sejam assim. É a primeira vez que fico falando de mim assim na música, mas não é sobre essa coisa de ser o primeiro lugar, de ser eu. É uma questão de abrir as portas para tanta gente incrível que faz a diferença na arte do país, que é vetor de mudança musical no país e que não tem lugar, não tem visibilidade.
É sempre importante bater nesta tecla. A gente precisa se ver nos lugares. A gente precisa se ver fora daquilo que a sociedade enxerga como estereótipo. Muitos que vieram antes da gente estão trabalhando há muito para abrir as portas pra gente. E agora a gente tem que trabalhar para arregaçar essa porta e deixá-la aberta. Precisamos trazer as pessoas para onde a gente está. Uma vez que você é exceção, e estou falando isso para os artistas, que você conseguiu furar o bloqueio, você tem a obrigação de trazer gente com você.
Não podemos esperar a sociedade abrir as portas, ficar falando “ai, gente, o quão importante é a representatividade”… A gente precisa ser vetor de mudança. Eu comecei a cantar [profissionalmente] com 25 anos, mas eu canto a minha vida inteira. Por que eu só tive coragem com 25? Eu canto desde criança em casa e eu nunca tive coragem de fazer isso, muito provavelmente porque eu nunca me via na TV. Quem eu via era completamente diferente de mim. Eu achava que não dava. Chega uma hora que você acha que não dá. Não importa. Se você não se vê nos lugares você vai achar que não dá. E isso precisa mudar.
Eu lembro que quando eu lancei “Pesadão” as pessoas ficaram falando “Ah, só tem negros no clipe”. E eu vou colocar só negro até as psesoas pararem de comentar isso, até issso parar de ser anormal. A gente tem obrigação de trabalhar essa ocupação.
IZA NÃO SE ACHAVA BONITA
É muito difícil você se achar bonita quando você não se vê nos lugares. Quando você entende que a menina bonita da novela não é igual a você. Quando você entende que a mocinha da novela não é igual você. Quando você vê uma capa de revista e tem três meninas e nenhuma delas se parece com você. Você realmente começa a achar que tem alguma coisa de errado. A gente precisa de estímulo visual, a gente precisa mesmo se ver nos lugares. Isso não é brincadeira.
A gente precisa olhar para um desenho animado, para uma mochila de uma criança, e se enxergar e entender que a gente faz parte do universo Então, não, eu não me achava bonita quando era criança. E eu não me achava bonita há até pouco tempo. Eu acho que foi na faculdade que eu comecei a me olhar de outra forma. Eu trago resquícios dessa insegurança da minha vida inteira até hoje. Minha equipe sabe aqui sabe que eu sou essa pessoa, mas eu ainda sou uma pessoa extremamente insegura. Não tem como não ser.
Isso é uma coisa que eu faço não só por mim, mas pelas outras meninas também. É importante que a gente tenha um modelo seguro feliz e contente consigo para que as pessoas se sintam felizes com elas mesmas. Isso é só um passo, porque eu não represento todas as mulheres negras. Até a gente começar a ver mulheres negras gordas, que não são caricatas, que não estão dentro desses papéis que são os únicos que a sociedade designa para elas, eu ainda acho que a gente tem muita coisa para fazer.
REPRESENTAÇÃO DAS PERIFERIAS NO CLIPE
Acho importante, porque cada um tem uma visão muito peculiar, muito particular, do lugar de onde a gente mora. Eu vejo a zona norte de um jeito, o meu vizinho vê de outro jeito. Quem é de São Paulo vê a ZL [zona leste] de um jeito. Existem várias visões de Rio, de Brasil e essa é a minha visão.
Eu quis trazer uma parte lúdica. Eu tinha na minha infância a época em que a gente pintava o chão para a Copa, a gente cruzava a rua com bandeirinha, a gente fechava a rua para fazer festa de domingo. É uma coisa que acontece muito no subúrbio, você nem avisa a prefeitura. Simplesmente passa uma corda na rua e está fechada. Não passa caminhão, não passa ninguém. Eu quis trazer essa sensação boa de estar na zona norte, uma época em que a zona norte era mais cuidada, colorida. Era isso que eu via quando era mais nova.
VOZ DO GUETO MAIS FORTE?
O que eu acho que tem acontecido é que com a internet a gente tem sabido mais de casos [como Jacarezinho, Ágatha, João Pedro]. As pessoas têm falado mais. Assim como existem os grandes veículos, há os veículos que foram feitos para poder dar formação para a galera da comunidade. As pessoas têm se organizado para passar as informações e se proteger dentro das favelas e comunidades.
Eu acho que a gente tem sabido mais dessas situações ao mesmo tempo em que elas acontecem a todo momento. Crianças morrem na favela a todo momento. Tiroteio enquanto eu estava gravando na Penha, Nossa Senhora, parecia trilha sonora. É o tempo todo, faz parte da realidade de todo mundo que mora na zona norte. Eu morei em Olaria e sei muito bem o que é deitar no chão para não levar bala perdida. Precisamos falar sobre isso.
Os ritmos mais ouvidos no país basicamente são negros e a gente não está se vendo por aí. Então é sobre isso que eu falo quando eu quero dizer ninguém cala ‘a voz do gueto’, sobre a gente se apropriar do que realmente é nosso. Ao mesmo tempo também traz esse lugar de revolta, de tristeza pelas vidas que foram perdidas. Mas de certa forma um levante para que a gente não não desista aqui a gente não deixe que nos calem.
PRÓXIMOS PROJETOS
Eu estou focada em lançar meu próximo trabalho e buscar soluções audiovisuais para dar para a minha galera. Porque show só em 2022 mesmo. Eu já tenho certeza de que eu não vou conseguir fazer neste ano. Como a gente sempre tem show de lançamento de álbum, eu estou em formas criativas de entregar esse conteúdo para a galera, porque eu não quero deixar de fazer. Então, neste momento, é com isso que me preocupo ao máximo. Esse meu próximo álbum, que é minha maior expectativa de trabalho para agora, e como eu vou comunicar esse álbum. Eu acho que vou me dedicar bastante na constituição desse novo show para entregar isso da melhor forma possível ainda em 2021. Eu espero muito que tudo isso passe.
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