Após Rock in Rio, Cat Dealers lança filme e mostra trajetória da dupla até o festival
O Cat Dealers tocou no Rock in Rio 2019 no mesmo dia que nomes como Red Hot Chili Peppers, Nile Rodgers e Emicida. Formado pelos irmãos cariocas Lugui, 23, e Pedrão, 29, o duo de eletrônico foi um dos destaques do palco New Dance Order na última edição do festival na capital fluminense.
A apresentação no Rio foi marcada pela participação de Vanessa da Mata, que teve hits “Ai, Ai, Ai” e “Boa Sorte” remixados por eles, e serviu como mote de um novo projeto da dupla. Nesta quarta (13), o Cat Dealers lança um minidocumentário que mostra justamente a trajetória que a dupla percorreu até chegar a um dos maiores eventos musicais do mundo.
Gravado em 2019, “Nós Somos os Cat Dealers” conta com depoimentos deles e de pessoas próximas pontuando momentos marcantes da história deles. (assista abaixo)
“Eu lembro a data que a gente falou ‘queremos ser DJs’, foi dia 3 de maio de 2012”, diz Pedrão em um trecho, e é completado por Lugui: “Foi em 2012 que começamos a focar nisso, foi um processo de aprendizagem”.
Já se passaram oito anos desde então e os irmãos seguem em uma ascendente, aparecendo ao lado de nomes do gênero como Alok. Neste ínterim, estiveram nos cinco continentes e fizeram apresentações em países como México, Estados Unidos, África do Sul, Austrália, Irlanda e Espanha, onde abriram um show de David Guetta.
“Your Body” foi o primeiro sucesso e logo vieram “Gravity”, “Sober” e “Sunshine”. Influenciados por nomes como o DJ americano Skrillex e fãs de bandas como o Foo Fighters, eles contam que têm aproveitado a quarentena para criar.
“Ela na verdade tem nos ajudado a produzir muitas músicas. Normalmente, estamos sempre viajando por conta dos shows e turnês, que fazem com que quase não paremos em casa”, diz Lugui. “Então, desde o início da quarentena, estamos direto em nosso estúdio produzindo, as criações têm fluído bastante.”
Em 2020, eles foram escalados para o Lollapalooza Brasil, remarcado para dezembro por causa da pandemia.
Lineup – Como estão aproveitando a quarentena para criar?
Lugui – Ela na verdade tem nos ajudado a produzir muitas músicas. Normalmente, estamos sempre viajando por conta dos shows e turnês, que fazem com que quase não paremos em casa. Então, desde o início da quarentena, estamos direto em nosso estúdio produzindo, as criações têm fluído bastante. Desde que o isolamento começou já lançamos duas músicas, “Seatbelt” e “Bring O’ Boy”, e temos trabalhado em vários outras tracks que sairão ainda neste ano.
Como foi a apresentação no segundo Rock in Rio? O que mais chamou a atenção no festival?
Lugui – Tocar no Rock in Rio é sempre uma emoção imensa. Não só pelo peso do festival em si, mas toda a estrutura que oferecem. Tínhamos tocado em 2017 e ano passado voltamos a nos apresentar, dessa vez no novo palco de música eletrônica, o New Dance Order, que com certeza superou qualquer expectativa, foi o que mais nos chamou a atenção no festival. Ele ficou enorme e, como estava um pouco mais afastado do resto do evento, parecia que estávamos em um festival de música eletrônica. Toda a nossa equipe trabalhou incansavelmente para fazermos a melhor entrega possível e até hoje temos um feedback maravilhoso dos fãs.
Vocês contam que pararam para investir no show. Quais os destaques da apresentação de vocês? Contam no doc que houve uma entrega de um show novo no Rock in Rio…
Pedrão – Nós achamos que investir em shows é algo muito importante para um artista, é o momento em que de fato acontece o encontro com os fãs, então temos que dar nosso melhor. Queremos passar em nossas apresentações aquilo que gostaríamos de viver como espectadores, então isso se tornou uma prioridade para nosso projeto. Já vínhamos investindo havia uns meses antes do festival em luz, design, vídeo, imagem… E tudo conversando com nossa própria identidade. Na semana anterior ao show, já estávamos com tudo pronto para mostrar, queríamos que fosse um show completo com material novo. O Rock in Rio foi o espaço ideal para apresentarmos todo esse trabalho que vem sendo feito, era um momento especial e queríamos levar algo memorável para quem nos assistiu.
Antes da pandemia estavam confirmados para mais um Lollapalooza. Como está a expectativa para a volta? Ninguém sabe o que vai acontecer, mas teriam algum palpite de quando se daria a volta de grandes eventos?
Pedrão – Neste ano íamos tocar em vários shows irados, nós estávamos muito animados! Ia ter o Lollapalooza, que desde a nossa última apresentação em 2018 estamos doidos para voltar. Íamos estrear no palco principal do Tomorrowland Bélgica e do Mysteryland, na Holanda, além da nossa turnê pela América do Norte, um dos nossos principais focos do ano. Infelizmente tudo teve que ser adiado, não sabemos dizer até quando, mas esperamos que logo [risos]. Mas isso foi uma decisão necessária, estamos vivendo um momento muito sensível e o que realmente importa agora é nos preocuparmos com nós mesmos e com os outros ao nosso redor, cuidando uns dos outros da maneira que cada um possa.
Como definem o som que vocês fazem?
Lugui – Essa é uma pergunta que nunca soubemos responder direito [risos]. Desde o início tivemos algumas influências variadas que acabaram nos ajudando a formar nosso som. Por ser algo com um pouco de vários estilos, mas ao mesmo tempo diferente de todos, logo no começo do projeto começamos a dizer que nosso som é Cat House, um estilo próprio que acabamos construindo.
Como observam a evolução da música eletrônica no Brasil e o atual momento deste segmento aqui?
Pedrão – A cena eletrônica vem conquistando um espaço cada vez mais relevante, principalmente se levarmos em conta que ela sempre sofreu certo preconceito e críticas, sendo muitas vezes excluída e não tendo muita visibilidade. Hoje vemos palcos especiais só para esse gênero nos maiores festivais do país, além de eventos focados nesse estilo musical atraindo multidões. Conhecemos vários DJs supertalentosos, muitos com os quais já tivemos o prazer de trabalhar junto, admiramos muito seus trabalhos e torcemos por eles. Esperamos que cada vez mais a música eletrônica e os artistas nacionais que trabalham com ela sejam reconhecidos no Brasil. Além disso, estamos vivendo um momento muito legal em que a música eletrônica nacional está sendo bem valorizada internacionalmente. Vemos hoje várias pessoas da cena eletrônica do mundo todo de olho no Brasil.
Quais as influências de vocês? Artistas e ritmos…
Lugui – Uma das maiores influências que nos acompanha desde que começamos a pensar em tocar é o Skrillex, curtimos muito o som dele e sua maneira de produzir. Outra pessoa que também nos influencia bastante é o Eric Prydz, não só em relação à música, mas também quanto aos shows. Mas também gostamos de vários outros artistas, Flume é um que achamos único, diferente de tudo e que admiramos muito, Rüfüs Du Sol também estamos sempre ouvindo. Além do eletrônico, a gente também curte muito rock, somos muito fãs de Foo Fighters, e buscamos sempre estar por dentro do que está rolando na música atual. Nesses dias temos ouvido muito o último álbum do The Weeknd, por exemplo.
Alok é um exemplo para vocês?
Pedrão: O Alok atingiu um patamar inédito para a música eletrônica no Brasil. Como falamos antes, essa cena sofre certo preconceito e por muito tempo foi deixada de lado, mas ele trouxe bastante visibilidade para ela. Admiramos seu trabalho e suas conquistas tanto aqui no país, quanto ao redor do mundo. Ele alcançou um status de celebridade, o que é super legal, porque acontece bastante pelo mundo com artistas da música eletrônica, mas ainda não tinha acontecido no Brasil. O Alok abriu essa porta e esperamos que agora muitos outros cheguem a esse patamar também.