Festival Back2Black estreita laços com África e comemora 10 anos com Erykah Badu no Rio
Priscila Camazano
A edição que comemorou os 10 anos do festival Back2Black teve como atração principal a cantora Erykah Badu. A americana fez um show dançante de cerca de duas horas no Armazém da Utopia, na zona portuária do Rio, no sábado (23).
Quebrando um jejum de seis anos sem vir ao Brasil a diva do neo-soul, que já havia se apresentado em São Paulo quinta-feira (21), no Espaço das Américas, foi a última subir no palco do festival carioca.
Com o atraso de cerca de uma hora, Erykah Badu subiu ao palco para fechar a noite. Levou seu figurino com o chapéu preto caraterístico e basicamente repetiu o repertório apresentado na capital paulista dois dias antes.
Abriu cantando “Caint Use My Phone”, seguida do hit “Hello”, da mesma mixtape intitulada “But You Caint Use My Phone”, de 2015. No setlist a americana apresentou batidas de funk, jazz e do soul bem dançantes, o que manteve o clima do show pra cima o tempo todo.
Ela mesma dançou em vários momentos. Como de costume em suas apresentações manteve a presença de palco mostrando o seu lado atriz.
Ao cantar os sucessos abusou dos agudos e fez a plateia entoar junto, como nas canções “On & On”, Appletree” e “Next Lifetime”, de seu primeiro disco “Baduizm” (1997), e “Love of My Life”, de “Worldwide Underground” (2003), seu terceiro álbum.
Com uma banda pequena formada por um baterista, percussão, três backing vocals, baixista, tecladista e o suporte de um DJ não deixou o clima baixar em nenhum momento, principalmente ao cantar “Bag Lady”, do álbum “Mama’s Gun”, de 2000, e “Honey “, de “New Amerykah Part One”, de 2008.
O evento com o propósito de estreitar a ponte entre África e Brasil trouxe ainda artistas brasileiros e africanos de língua portuguesa para se apresentarem para um público de cerca de 3.500 pessoas, segundo a organização.
Entre eles, Luedji Luna que convidou a moçambicana Selma Uamusse.
Para abrir o festival, a baiana iniciou o show cantando “Asas”, do álbum “Um Corpo no Mundo”.
O show foi curto, em comparação aos outros, mas proposital, pois como a própria cantora disse à plateia queria fazer uma performance breve para que Erykah Badu fosse anunciada o quanto antes — evidenciando sua ansiedade para ver a diva do soul.
Durante o show Luedji aproveitou para mandar um recado contra o racismo. Disse que a escravidão na verdade foi a história dos brancos, não dos negros. A desses ela contaria naquele momento e começou a entoar “Saudação Malungo”.
A baiana de Salvador também fez um pedido, que ela intitulou como uma ordem. “Parem de nos matar”, disse fazendo referência ao alto índice de morte da população negra no país.
Na sequência, foi a vez da apresentação do rapper luso-moçambicano Plutónio, que fez o seu primeiro show no país.
Fenômeno em Portugal, a performance foi mais longa e contou com a presença de convidados. Entre eles: Malía, Xamã e Cacá Magalhães.
Antes de iniciar Plutónio deu saudações à torcida rubro-negra, fazendo referência ao título da Libertadores 2019 conquistado pelo Flamengo naquela tarde.
Entre os convidados se destacou Cacá Magalhães que, depois de cantar com o rapper, entoou “Feeling Good”, de Nina Simone, e “Olhos Coloridos”, de Sandra de Sá, empolgando a plateia.
Dira Paes também subiu ao palco, mas não para cantar. A atriz recitou uma história sobre baobás africanos, árvores de troncos enormes que suscitam a impressão de serem testemunhas dos tempos imemoriais. Ela concluiu dizendo que o objetivo do festival era o de resgatar as raízes de um Brasil com raízes indígenas, africanas e europeias.
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