Jorge Aragão apresentou na última semana o samba “A Possibilidade”, em parceria com Xande de Pilares. Foram 12 anos sem lançar uma música. Em “Coisa de Jorge”, de 2007, houve parceria com Jorge Ben Jor, Jorge Vercillo e Jorge Mautner em homenagem a São Jorge.

“Acabei ficando quieto no meu canto porque eu estava sempre trabalhando. Aconteceu que o tempo passou e eu nem percebi”, diz ele ao Lineup sobre a demora para ter uma inédita.

A novidade vem em 2019, quando o cantor e compositor completa 70 anos —pouco mais de 40 deles dedicados exclusivamente à arte. Com a turnê Jorge70, que estreou em junho no Rio, ele pretende fazer 70 shows.

A agenda desta turnê ainda não foi divulgada, mas nesta semana Jorge vem a São Paulo para eventos no Templo-Bar de Fé (zona leste), nesta segunda (4), e no UnimedHall (zona sul), na sexta (8), quando faz uma dobradinha com Diogo Nogueira.

O artista ressalta o que os fãs poderão ver em seus shows: “O público vai ver um idoso com vontade de andar direito, um idoso com vontade de cantar direito, um idoso principalmente curioso com todas as tecnologias que podem ser usadas e colocadas dentro do seu trabalho.”

Por que tanto tempo, 12 anos, pra lançar uma música inédita? Qual a inspiração?
Jorge Aragão – Sou de uma época que o artista gravava um disco, LP, CD e no ano seguinte a gravadora já procurava o artista para fazer um novo álbum de inéditas. Isso não acontece mais. E eu também fiquei no meu canto porque, graças a Deus, eu trabalho muito com meu autoral. De certa forma também vi que as gravadoras estavam vivendo momentos de ocaso, de dificuldade para se manter no mercado já por conta da pirataria. Acabei ficando quieto no meu canto porque eu estava sempre trabalhando. Aconteceu que o tempo passou e eu nem percebi.

Tem em vista um novo álbum de inéditas?
Parece que o próprio mercado não age mais dessa forma. Percebi com surpresa e curiosidade que posso lançar uma música agora; daqui a dois, três meses lançar outra música, lançar um clipe. Percebi que o produto que era todo colocado dentro de uma obra só, de um disco, está fatiado. Hoje existe a possibilidade, claro que é por conta do mercado digital, de lançar as músicas com espaço de meses entre elas. É exatamente esta proposta que tenho com a [empresa de mídia digital] ONErpmBr: de colocar daqui pra frente o que eu tenho autoral e como intérprete também.

O samba tem em sua raiz alegria e letras em forma de protesto. A situação política e social (racismo e desigualdade neste contexto) do país te inspira?
Sempre inspirou. Na minha cabeça, qualquer profissional do meu segmento, o compositor, tinha que estar 24 horas antenado com o que acontece no seu entorno, às tendências, às notícias. Acho que ele tem obrigação de saber disso para compor a obra dele. Acho que não pode passar impune saber como vive um país e só falar de amor, de paixão.

A turnê atual vai passar ao todo por 70 cidades. Quais os cuidados com a saúde que tem de tomar e o que público vai ver no palco?
O público vai ver um idoso com vontade de andar direito, um idoso com vontade de cantar direito, um idoso principalmente curioso com todas as tecnologias que podem ser usadas e colocadas dentro do seu trabalho. Estou adorando isso exatamente por ser considerada uma pessoa que canta samba de raiz. Eu estou achando linda essa modernidade e poder saber que de um chocalho pequenininho a sonoridade reverbera nos detalhes; estou adorando usar todas essas coisas novas para potencializar esses instrumentos para que as pessoas ouçam em toda plenitude o samba raiz. Eu quero sempre isso aí e é isso que o pessoal vai ver nos shows: um curioso, com vontade de trabalhar. E respondendo a outra pergunta o que está faltando para eu me cuidar é caminhar um pouquinho, andar, por consta da minha má circulação, que é genética. Preciso fazer isso porque só faz bem, não faz mal a ninguém.

Jorge Aragão em SP

Onde: Templo-Bar de Fé (r. Guaimbé, 322, Mooca, zona leste, São Paulo)
Quando: 4 de novembro
Quanto: R$ 35
Mais informações: ticket360.com.br

Dois no Samba – Jorge Aragão e Diogo Nogueira

Onde: UnimedHall ( av. das Nações Unidas, 17.955,Vila Almeida, zona sul São Paulo)
Quando: 8 de novembro
Quanto: R$ 50 a R$ 220
Mais informações: ticketsforfun.com.br

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