‘Cristiano Ronaldo e Messi’, brinca Djonga sobre parceria com Mano Brown
O rapper mineiro Djonga subiu ao palco do festival Sarará no último sábado (31), na esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte. E Djonga estava (e se sentia) em casa. Entre os que assistiram ao seu show estiveram alguns familiares: avó, pai, mãe, filho e sua mulher, que está grávida.
Quando foi chamado para o Sarará a organização pediu que ele pensasse em um nome para convidar. “Eu tinha que convidar alguém e chamei o Mano Brown. Ia convidar quem?”, questiona em tom afirmativo. “Os dois melhores sempre têm que estar juntos. Igual Cristiano Ronaldo e Messi na premiação da Fifa”, diz aos risos ao lado de Mano Brown após o show no camarim.
Gustavo Pereira Marques, nome de batismo do artista de Belo Horizonte, tem 25 anos e é um dos principais nomes da nova geração do rap no Brasil. Entre os três álbuns já lançados, o mais recente é “Ladrão”, de março deste ano.Pedro Paulo Soares Pereira, vulgo Mano Brown, tem 49 e é líder do principal grupo do país, o Racionais MC’s —que, inclusive, está em turnê para comemorar 30 anos de carreira.
O show de Djonga é sempre marcado por mensagens de protesto —contra o governo e racismo, principalmente. “Ei, Bolsonaro, vai tomar no cu” e “Fogo nos racista [sic]” são gritos comuns.
“Nós somos representantes do presente. A gente sabe qual é o nosso passado, representa o presente para ter um futuro lindo”, afirma o jovem da zona leste de Belo Horizonte. Djonga é fã de Brown e diz ter aprendido muito com ele.
O vocalista do Racionais deu o ar da graça na metade da apresentação, quando entoou “Artigo 157” e “Mil Faces de um Homem Leal (Marighella)”. O rapper paulistano disse estar feliz com o convite e. assim como Djonga, falou sobre o momento político e social no país.
“Independentemente do que o Brasil escolheu para si, nós como pessoas, cidadãos podemos escolher nosso rumo”, afirma. “Eles elegeram um cara que a gente não queria, mas vamos ser verdadeiros com eles. Não vamos ser traidores da pátria, furar o barco e afundar junto. A gente é brasileiro não é alemão. Não me tornei alemão porque o Bolsonaro assumiu”, completa uma das principais vozes da periferia.
Durante o show, Djonga ainda abriu espaço para dois jovens índios passarem uma mensagem sobre preservação do meio ambiente, falando sobre os incêndios na Amazônia.
“Se eu tenho esse espaço para dar voz a algumas pessoas, é isso, eles que falem, que expliquem para as pessoas que não sabem”, diz. “O ego do ‘sudestino’ é muito grande, a gente acha que o mundo é aqui. A gente esquece que tem um monte de coisa acontecendo não só no resto do país, mas no mundo.”
O encontro dos dois rappers veio em uma programação que, além de Gilberto Gil, BaianaSystem, Baco Exu do Blues e Silva, contou com uma série de outros encontros no palco: Duda Beat e Pabllo Vittar, Lagum e Iza, Letrux e Marina Lima.
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