O velódromo durante o Rock in Rio será ocupado pela Nave, com uma experiência sensorial por meio da música, arte e beleza, explica Denise Char, diretora do projeto.

O festival começa daqui a um mês, em 27 de setembro, e quem passar por essa instalação na capital fluminense, segundo os organizadores, vai imergir em uma narrativa para refletir e gerar uma nova conexão com o mundo, as pessoas e a natureza.

Como parte da experiência, Zé Ricardo, diretor musical da Nave e diretor artístico do palco Sunset e do Espaço Favela, escreveu uma letra e criou uma música inédita: “Ritmo da Alma”, que será interpretada por um grande elenco.

Na lista estão nomes como Elza Soares, Maria Rita, Iza, Gaby Amarantos, Tico Santa Cruz, Onete, Titãs, Xênia França, Projota, Rael, As Bahias e a Cozinha Mineira e o próprio Zé Ricardo, que foram a estúdios no Rio, em São Paulo e Belém para registrar as vozes.

“São artistas que de uma certa maneira se importam além da sua própria carreira, do seu próprio universo”, afirma Zé Ricardo sobre a escolha dos cantores. “Por trás dos artistas com que eu gosto de trabalhar tem sempre uma história, uma força, um posicionamento, que não é político, é um posicionamento com a vida, uma atitude interessante, positiva.”

A cocriação com a Natura tem a trilha sonora acompanhada por tecnologia, projeções e efeitos especiais —muitos simulando natureza (lava de vulcão, montanhas, céu, mar, “pedras” voando…)

Zé conta que escreveu a letra no celular durante uma reunião executiva do Rock in Rio e que surpreendeu os integrantes. “Fiquei quieto, escrevendo no celular. Perguntaram por que eu estava quieto. Eu li e todo mundo ficou em silêncio”, relembra-se.

A paraense Gaby Amarantos conta que ficou feliz com o convite, principalmente no momento crítico que o país enfrenta com queimadas e desmatamento na Amazônia. “A gente fala sobre se reconectar, se juntar. É para um movimento de união, pensar no futuro, o que a gente quer, que Amazônia a gente quer?”, indaga. “É uma mensagem que conecta muito”, que compareceu ao estúdio na Aclimação (zona sul de São Paulo)  na quinta (22) para gravar.

Quem também foi ao mesmo local na semana passada foi Xênia França, que na mesma pegada observa coisas tristes que estão acontecendo, mas vê muita gente disponível para contribuir. “Alguns artistas têm essa preocupação. Não dá para ser mais raso em nada. Quem é artista luta com arte”, afirma a baiana, que estará no festival no primeiro dia para se apresentar ao lado do britânico Seal.

Zé Ricardo destaca que o arranjo é marcado pela pluralidade da sonoridade brasileira, com toques de afoxé da Bahia, guitarrada do Pará, maracatu de Pernambuco e percussão, enumera. Uma mescla, diz, de modernidade e raízes do Brasil.

O responsável pela curadoria da Nave é Marcello Dantas, que esteve em projetos como o Museu da Língua Portuguesa e a exposição do artista Ai Weiwei. “A canção tem o objetivo de levar a uma viagem para dentro de cada um, para que as pessoas encontrem seu ritmo próprio e não aquele imposto pela enxurrada de informações que recebemos.”

O festival na capital fluminense será realizado nos dias 27, 28 e 29 de setembro e 3, 4, 5 e 6 de outubro na Cidade do Rock montada no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro.

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