‘A má-vontade contra pobre, negro e gay impera. Chega a ser maldade’, diz D2
Marcelo D2 é um dos personagens mais ativos nas redes sociais atualmente quando se trata política. O comportamento reflete o que o vocalista do Planet Hemp fez com a banda desde 1993. Ao lado de B Negão, Formigão, Pedrinho e Nobru, ele se apresentou com o grupo no festival Forró da Lua Cheia, em Altinópolis (SP), na sexta (21).
“Não falo só da maconha, eu tenho muito pra dizer”, canta D2 em versos de “Fazendo a Cabeça”. Os momentos politicamente polarizados têm servido para os caras da banda expressarem mensagens em seus shows. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, são os principais alvos no momento no palco. “Fascistas”, “milicianos” e “passa-pano” (graças aos áudios vazados do ex-juiz e Deltan Dallagnol) são algumas das palavras destacadas no palco.
“Não podemos entender só como política, esquerda e direita. A má-vontade contra pobre, negro, gays, qualquer tipo de minoria. Chega a ser uma coisa maldosa”, afirma D2 em entrevista ao Lineup.”Estamos em um momento político em que as pessoas têm que tomar atitude, as rédeas, não podemos deixar acontecer de novo o que aconteceu nas últimas eleições.”
ASSISTA À ENTREVISTA COM D2 E B NEGÃO
Após 10 anos sem fazer grandes shows juntos (em 2010 participaram de um especial da MTV), o Planet subiu ao palco do Circo Voador em 2012, umas das principais casas do Rio, para apresentar seu álbum de estreia, o “Usuário” (1995). O que era para ser só um show comemorativo acabou se tornando algo cada vez mais frequente e a reunião foi se mantendo ao logo dos anos, enquanto cada integrante toca seus projetos paralelos.
E justamente com o cenário atual do Brasil a banda acaba se inspirando, mesmo com alguns insultos nas redes sociais. “Estar sendo xingado por quem me xinga é um elogio. Essa galera que estava dentro do armário começou a sair e é exatamente sobre isso que a gente escreve”, afirma D2.
“De um tempo para cá a gente voltou a ser uma banda que quer criar algo novo, tá ligado? A gente está num momento político, econômico e social no país que envolve a temática do Planet e está pedindo”, diz D2.
“A gente está fazendo shows grandes, estamos tocando só músicas que já existem, a gente precisa faze coisa nova. Neste ano a gente vai lançar algo”, completa B Negão.
Recentemente eles encontraram letras perdidas feitas pelo ex-integrante Skunk, que morreu em 1994, e está nos planos ir a estúdio com elas. “Estamos tentando reacender o Planet Hemp”, indica D2.
Enquanto ele embarca nesta quarta (26) para a Europa, onde faz shows solo em países como Espanha, França, Inglaterra, o Planet se prepara para ir ao Velho Continente em outubro e novembro. Por ora, há eventos em Portugal, na Espanha, Holanda e Espanha.
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