Pussy Riot recebe viúva de Marielle em show e pergunta ‘quem a matou?’
“Quem matou Marielle?”. Essa foi uma das perguntas que o grupo russo Pussy Riot levou ao palco do festival Abril Pro Rock, em Recife, nesta sexta-feira (19). Liderada por Nadya Tolokonnikova, a banda recebeu durante a apresentação uma participação especial: Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro.
Perto da metade do show, Nadya abriu o microfone para Mônica falar: “Eles combinaram de nos matar. Mas nós combinamos de não morrer. Marielle, justiça!”, disse ela acompanhada pelo público do evento em uma espécie de jogral.
A vereadora do PSOL e seu motorista Anderson Gomes foram mortos quando voltavam de um debate na Lapa, no centro do Rio, em 14 de março de 2018. Quando estavam no carro, no bairro do Estácio (centro), outro veículo emparelhou com o de Marielle e disparou com uma arma automática. A terceira ocupante, uma assessora de Marielle, sobreviveu.
Quase um ano depois, em 12 de março, a Polícia Civil do Rio prendeu dois suspeitos: o policial militar reformado Ronnie Lessa, 48, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 46, que negam a participação no crime.
À época, Mônica viu a ação como um passo importante, mas cobrou explicações ainda.
“Não basta prender mercenários, é importante saber quem mandou articular tudo isso e qual foi a motivação”, afirmou após a prisão.
Temas políticos e de protesto são o mote do show da Pussy Riot, que ainda conta com performances audiovisuais. Entre as músicas do repertório estão “Make America Great Again”, “Police State”, “Organs”, “Go Vomit”, “Bad Girls” e “White House”.
Elas já divulgaram um posicionamento oficial sobre a música atual. “Ficamos meio confusos com o fato de que a maioria das músicas hoje são sobre festas e romance, enquanto só algumas poucas são dedicadas a temas importantes como mudança climática, controle das armas, prisão de ativistas políticos, desigualdade estrutural, sexismo, policiais assassinos, brutalidade e abuso de poder adotadas por instituições públicas diariamente e necessidade urgente de acesso para todos a boa educação e bons médicos e hospitais.”
Após o Abril Pro Rock, a banda punk é a principal atração do festival Garotas à Frente, realizado neste sábado (20), no Fabrique Club (zona oeste de São Paulo).
O show de abertura será da banda brasileira Sapataria. Além de música, o evento na capital paulista conta com exposições e o lançamento do livro “Garotas à Frente”, da escritora Sara Marcus, sobre o movimento feminista americano Riot Grrrl. Os ingressos custam R$ 100 e estão disponíveis no site pixelticket.com.br.
Antes de vir ao Brasil, o conjunto passou por países na América do Sul como Chile, Argentina, Uruguai, Colômbia e Peru.
Formado em 2011, o coletivo feminista Pussy Riot é um dos principais ícones de protestos contra a falta de liberdade de expressão na Rússia, governada por Vladimir Putin, e a favor de direitos das mulheres. A inspiração foi justamente o Riot Grrrl.
Algumas das integrantes já foram presas. Em 2012, Nadya Tolokonnikova e Maria Alyokhina foram punidas pela primeira vez por uma apresentação pública sem autorização em uma igreja. No fim de 2013 foram soltas, e a repercussão acabou fomentando a luta.
Durante a final da Copa do Mundo, por exemplo, algumas ativistas invadiram o gramado e foram contidas pelos seguranças.
Festival Garotas À Frente
Quando: 20 de abril, 17h
Onde: Fabrique Club (R. Barra Funda, 1.071, Barra Funda, zona oeste, São Paulo, SP)
Ingressos: R$ 100 (2º lote)
Mais informação: pixelticket.com.br
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