Festival em MG tem encontro de gerações e homenagens a Brumadinho e Marielle
A sétima edição do festival Planeta Brasil, em Belo Horizonte, promoveu um encontro de gerações nos palcos instalados na esplanada do Mineirão neste sábado (26). Segundo a organização, foram 37 mil pessoas em um clima de festa, que se dividiu com uma série de homenagens a Brumadinho, Marielle e abordagem de temas políticos nacionais, como as ameaças a ao deputado Jean Willys.
Milton Nascimento foi um dos destaques do evento. Aos 76 anos, Bituca, como é apelidado, recebeu como convidado o rapper paulistano de 43 anos Criolo. Milton passou a maior parte do tempo sentado, mas mesmo assim emocionou o público.
Juntos eles entoaram clássicos como “Cálice” e “O que Será”, de Chico Buarque. Criolo ainda cantou “Existe Amor em SP”, um de deus maiores sucessos, além de “Menino Mimado”, com trechos como “Meninos mimados não podem reger a nação”.
(Veja trechos de shows pelo mundo)
Antes do rapper subir ao palco, Milton fizera uma homenagem à vereadora Marielle Franco e ao motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018. A canção “Coração de Estudante”, que começa com os versos “Quero falar de uma coisa/Adivinha onde ela anda/Deve estar dentro do peito/Ou caminha pelo ar/Pode estar aqui do lado/Bem mais perto que pensamos.”
Outra convidada nesta apresentação foi a filósofa feminista Djamila Ribeiro, que se pronunciou sobre as instalações da Vale na cidade mineira. “Não é desastre ambiental, é crime ambiental. Essa empresa precisa se responsabilizar por destruir vidas, famílias e o meio ambiente. Vamos cobrar justiça”, disse.
Até o momento, foram encontrados cerca de 40 corpos, mas ainda há aproximadamente 300 desaparecidos, após uma barragem da Vale se romper e liberar de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba, que passa pela região da Grande Belo Horizonte.
Seu Jorge também chamou a atenção para o tema. O cantor fez um show muito animado com hits como “Burguesinha”, “Carolina” e “Mina do Condomínio”, mas não deixou de se manifestar sobre a tragédia de Brumadinho. Ele clamou para que algo fosse feito, senão “vamos acabar todos chafurdados na lama.”
O Natiruts lamentou o descaso com o meio ambiente, mas fez questão de relembrar outro episódio recente. O caso do deputado do PSOL Jean Willys, que afirmou ter recebido ameaças sérias de morte, desistiu do novo mandato e deixou o país. Segundo o vocalista Alexandre, o caso é triste, independentemente se a pessoa é de direita ou de esquerda.
Outro Jorge ainda fez parte da programação. Ben Jor, que ainda recebeu a cantora Céu. “País Tropical”, “W/Brasil”, “Mas, que Nada” e “O Telefone Tocou Novamente” figuraram no setlist da noite.
O Raimundos fez o show de encerramento do palco Sul da turnê que celebra os 25 anos do primeiro disco da banda, lançado em 1994, sob o nome de “Raimundos”. Para a ocasião Digão (vocalista), Canisso (baixista), “Marquim (guitarrista) e Caio (baterista) convidaram ainda Fred, o ex-baterista do grupo, de 1992 a 2007. Passaram por sucessos de toda a carreira como “Eu Quero Ver o Oco”, “Nega Jurema”, “A Mais Pedida” e “Mulher de Fases” (que Digão dedicou ao “amor da sua vida” Vivi).
Gringos
De volta ao Brasil, o rapper Wiz Khalifa fez seu tradicional culto à maconha, fechando a noite cheia no palco Norte. O americano já fez parcerias com outros grandes nomes como Snoop Dogg e Bruno Mars.
No setlist, “Black and Yellow”, “Fr Fr” e “Young, Wild and Free”, uma das mais conhecidas e fruto justamente de uma parceria com Snoop Dogg.
Já os californianos do Slightly Stoopid levaram ao palco de BH uma mistura de reggae, ska, hip-hop, folk. Eles se inspiram no Sublime —e tem um quê do grupo responsável por “Santeria”, “What I Got” e “Wrong Way”.
*O jornalista viajou a convite do festival Planeta Brasil
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